Introdução
As tensões entre Estados Unidos e China voltaram a ganhar protagonismo, com Trump ameaçando tarifas adicionais de 100% a partir de 1º de novembro. No centro desse atrito estão as terras raras, minerais críticos para tecnologia, defesa e toda a cadeia de suprimentos de uma economia moderna. A China domina não apenas a mineração, mas também o processamento desses minerais, o que gera riscos estratégicos para várias nações. Este artigo analisa a dominância chinesa, as respostas ocidentais e por que o Brasil pode emergir como um beneficiário importante dessa batalha.
Resumo
A situação atual mostra uma escalada na guerra comercial entre EUA e China, com a China ampliando controles de exportação de terras raras e os EUA sinalizando tarifas recíprocas. O secretário de Comércio dos EUA, Jameson Greer, indicou que a tarifa de 100% dependerá do próximo movimento chinês, enquanto a China reagiu com medidas contra empresas navais americanas. Além disso, há a expectativa de uma reunião entre líderes no Fórum de Cooperação Econômica da Ásia, na Coreia do Sul, no fim de outubro, para discutir o desenrolar das tensões.
Opinião e Análise
No meu ver, este é um daqueles embates que pode redefinir o equilíbrio da economia global. A China não apenas consolidou uma posição de domínio na mineração, mas também criou uma capacidade industrial que, segundo Dim Ball, poderia permitir bloquear qualquer país de participar da economia moderna. O Ocidente responde com políticas de relocalização da cadeia de suprimentos e com grandes apostas no setor privado, como o anúncio do JP Morgan para investir pesado em indústrias críticas, incluindo terras raras. O Brasil surge como ativo estratégico: possui reservas significativas, mas a produção ainda é residual; há um grande potencial de crescimento que, se bem explorado, pode reduzir a dependência externa e beneficiar a economia brasileira.
Insights e Pontos Fortes
- A dominância da China em mineração (65–70%) e principalmente processamento (≈90%) de terras raras cria uma dependência estratégica para a indústria global.
- A política de exportação chinesa combinada com investigações de segurança nacional eleva o custo de realocar a cadeia de suprimentos para o Ocidente.
- A resposta ocidental envolve combinação de políticas públicas, incentivos privados e investimentos maciços em setores críticos (ex.: JP Morgan anunciando um programa de 1,5 trilhão de dólares).
- O Brasil tem um papel estratégico pela posse de 23% das reservas mapeadas, mas a produção atual é baixa, abrindo oportunidades de desenvolvimento industrial e exportação de minerais críticos.
- Movimentações de mercado, como ETFs de terras raras, indicam que investidores já enxergam oportunidades de ganhos em setores ligados a minerais críticos e tecnologia de ponta.