Mostra Científica de Ciências Humanas: Saúde, Doença e Sociedade em Debate

Introdução

A comunidade escolar se reuniu para discutir a próxima Mostra Científica, com foco nas ciências humanas e a interdisciplina entre História, Filosofia, Sociologia e Geografia. O objetivo é promover a construção do conhecimento de forma científica, articulando temas como saúde, doença, pandemia e a relação entre Estado, liberdade e sociedade, em um formato relativamente flexível que inclui atividades presenciais e virtuais.

Resumo

A equipe multidisciplinar de ciências humanas delineou a estrutura da mostra, destacando que os trabalhos devem partir de uma abordagem científica e permitir a interação entre séries e turmas diferentes. O tema geral se volta para a relação entre saúde, doença e organização social, com a pandemia sendo o estudo de caso central para compreender como diferentes áreas interpretam a realidade, questionando o senso comum e promovendo reflexão crítica sobre políticas de saúde. Na História, a discussão aborda a mudança de concepções sobre doença ao longo do tempo, mostrando que percepções médicas e sociais não são fixas (p.ex., a peste na Idade Média e a homossexualidade que já foi considerada doença pela OMS até 1990). A Filosofia examina a legitimidade do poder estatal em restringir liberdades individuais para promover o bem comum, recorrendo a Hobbes, Constant e Berlin para debater conceitos de Estado, liberdade e democraticidade. A Geografia analisa o espaço geográfico como fator que condiciona a experiência da pandemia, destacando a visão de Milton Santos sobre espaços opacos e luminosos e a influência da globalização na propagação de doenças. A Sociologia propõe ler a pandemia como doença social, com Durkheim e Durkheimiana noção de anomia, além de referências contemporâneas como Boaventura Santos para discutir caminhos possíveis pós-pandemia.

Opinião e Análise

As falas presentes no encontro destacam a importância de não aceitar narrativas fáceis sobre a pandemia. Os debatedores ressaltam que a intervenção estatal, a liberdade individual e as condições de vida (espaço, renda, acesso à saúde) devem ser analisadas de forma integrada. A partir de Hobbes, Constant e Berlin, a filosofia propõe um debate sobre quais liberdades são compatíveis com políticas públicas eficazes, enquanto a sociologia e a geografia enfatizam que desigualdades estruturais moldam quem sofre mais com crises sanitárias e como a globalização acelera a disseminação de doenças, mas também facilita soluções científicas rápidas. Em resumo, o grupo defende uma visão crítica e interligada entre teoria e prática para orientar o trabalho científico da mostra.

Insights e Pontos Fortes

• Enfoque interdisciplinar em ciências humanas para entender a pandemia sob diferentes perspectivas.
• Utilização de exemplos históricos para desconstruir pressupostos naturais sobre saúde e doença.
• Debate fundamentado sobre a legitimidade de medidas do Estado e a relação entre liberdade individual e bem comum.
• Análise do espaço geográfico e das desigualdades sociais na resposta à pandemia, com base em Milton Santos.
• Inclusão de obras clássicas e teóricas relevantes (Leviatã, Constant, Berlin, Durkheim) para embasar a fundamentação teórica e estimular perguntas críticas.