Introdução
Nesta entrevista com o Observador, o candidato do PS às eleições municipais de Cascais, Senhor Ruivo, aborda os principais desafios do concelho: saúde, mobilidade, habitação e dinamismo económico. O diálogo percorre a evolução política de Cascais, a atuação da câmara, críticas à gestão anterior e respostas a questões sensíveis como a Quinta dos Ingleses, o Hotel Hilton e as infraestruturas urbanas. O objetivo é apresentar, de forma clara e otimizada, as propostas que o PS pretende levar para o próximo mandato e o timing político atual.
Resumo
A conversa começa com uma análise da liderança do PS em Cascais ao longo de 24 anos, onde o candidato admite que as propostas apresentadas não refletiram as escolhas da população, e comenta a imagem herdada do mandato anterior. Parte-se da ideia de que, apesar de o PS continuar a ser o maior partido no concelho, alianças históricas, como CDS-PSD, fortaleceram uma maioria que compõe o poder local. O objetivo é quebrar a percepção de Cascais como “cidade da oposição” e apontar a necessidade de mudança e inovação na governação.
No âmbito da saúde, o candidato reconhece que Cascais tem investido em infraestruturas (centros de saúde, hospital), mas ressalta que a saúde depende fortemente de fatores extra-estruturais: determinantes sociais, hábitos de vida e acesso a serviços. Propõe redes de saúde móveis (unidades móveis de saúde) para levar atendimento às pessoas, especialmente idosos, bem como a expansão de iniciativas existentes como o Bata Branca em parceria com a Santa Casa. Sobre as PPPs na saúde, afirma não ser contra, defendendo que o Hospital de Cascais funciona bem, e que é essencial alinhar gestão pública e privada sem desvalorizar o serviço público.
No tema da mobilidade e urbanismo, o percurso evidencia críticas à gestão de infraestruturas existentes, às rotundas e à carregada pressão de viação no centro de Cascais. A solução defendida passa pela conclusão de vias pendentes, como as rotas longitudinais, e pela revalorização do espaço público – com foco na mobilidade interna e na redução do tráfego na A5. O candidato também aborda habitação: defende múltiplas vias para criar habitação a custos controlados, incluindo construção municipal, parcerias com privados e habitação cooperativa, com a meta de disponibilizar milhares de fogos para jovens e classe média. Aborda ainda a necessidade de alargar o acesso a serviços públicos perto das pessoas, evitando deslocações longas a centros de saúde ou de estudo.
Por fim, discute a economia local: Cascais não pode depender apenas do turismo e do imobiliário. O objetivo é diversificar receitas e atrair investimento qualificado, promovendo clusters de inovação ligados a áreas como aeródromos, automóveis e marinas, ao mesmo tempo em que se fortalecem setores criativos, tecnológicos e de serviços. O conceito de que o urbanismo não deve ser o eixo único da política municipal aparece como fio condutor, substituído por uma estratégia de desenvolvimento económico mais robusta e inclusiva.
Opinião e Análise
Sem opiniões explícitas no vídeo.
Insights e Pontos Fortes
- Foco em saúde pública com ações práticas: unidades móveis de saúde para alcançar populações com mobilidade reduzida e ampliar o atendimento perto de casa.
- Compromisso com habitação a custos controlados: ambição de medir 4.000 fogos durante o mandato através de uma combinação de habitação municipal, cooperativas e parcerias com privados.
- Diversificação económica como prioridade: aposta num cluster de motor (aeródromo Tires, autódromo, marina) para atrair indústrias ligadas à mobilidade, tecnologia e investigação, reduzindo a dependência do turismo puro.
- Infraestruturas e qualidade do espaço público: crítica à mobilidade atual e ênfase na melhoria de infraestruturas públicas, parques, jardins e cultura como motor de coesão social.
- Clareza de linhas vermelhas e abertura a propostas: afirma não excluir coligações com base em propostas, mantendo limites claros contra políticas xenófobas ou racistas, e destacando a importância de soluções concretas para problemas reais.